As pessoas que me conhecem sabem que sou admirador do jornalista, compositor, escritor etc e tal,... Nelson Motta, desde os tempos de Sábado Som na TV Globo na década de 70.
Li a coluna dele em O Globo há alguns dias e, embora sem a autorização do jornal eu não resisto e a reproduzo.
Quem trabalha com arte tem a chamada "nobreza obrigatória" de ser de esquerda. Mas afinal, o que é "esquerda" ?
Quando eu tinha 18 anos o era, até porque nesta época vivíamos os "anos de chumbo" do regime militar. Não tínhamos alternativa.
Num país bi-partidário, ARENA e MDB eram as alternativas. Os homens de oposição eram Ulisses Guimarães, Fernando Henrique, Mário Covas, e os homens de situação eram os militares e zumbis como José Sarney.
A escolha era óbvia.
Depois vieram os partidos sindicais, se apossando do título de trabalhistas. Seriam esquerda ?
Bem, eu também perdi algumas amizades por discordar do ponto de vista de alguns colegas. Questiono se eram amizades, pois a premissa da mesma é o respeito mútuo.
Na questão religiosa e partidária, o que há de mais chato nisso é a coisa do fanatismo. Há uma enorme falta de respeito pelo ponto de vista do outro, e como diz o próprio Nelson, "isso é estupidez".
Não acho que hajam santos e demônios na política. Qualquer partido ou político tem ambos dentro de si. É atávico. Vai aparecer mais o lado melhor alimentado e com egos inflamados e sede de poder, aí mentiras viram verdades incontestáveis, e vice-versa.
Espero que gostem.
Comecei no jornalismo em 1967, com 22 anos, sem diploma, como estagiário do “Jornal do Brasil”, onde trabalhei por um ano como repórter de arte e cultura, até ser chamado por Samuel Wainer para assinar uma coluna diária sobre juventude na “Ultima Hora”. Era muito poder para um jovem apaixonado por música, cinema e política, mas desde o início, por meu temperamento tolerante e contrariando o espírito jornalístico tradicional, decidi que nunca perderia um amigo para não perder uma notícia.
Deu certo, em quase 50 anos de jornalismo só fui ganhando amigos, e eles sempre me deram em primeira mão as melhores notícias… rsrs
Depois da redemocratização também decidi que jamais perderia um amigo por causa de política. Nem os que apoiaram Collor quando fiz campanha para Mário Covas. Acho que a vida é tecida por relações entre pessoas, indivíduos diferentes, e, como dizia Vinicius de Moraes, “é a arte do encontro — embora haja tanto desencontro pela vida”.
As próximas semanas serão de sangue, suor e lágrimas entre os candidatos e seus partidos, num vale-tudo no rádio, televisão, jornais e internet, que pode ter consequências desastrosas para vencedores e vencidos, rachando o país. Com essa ameaça, é preciso ser muito burro para chegar a romper amizades por paixão política — a mais nefasta de todas as paixões, que faz heróis de ontem vilões de amanhã, e do “nós” de hoje o “eles” de ontem.
A menos que alguém esteja defendendo um candidato ou partido em causa própria, porque depende deles — quando qualquer discussão é inútil — todas as outras são possíveis, desde que não se atribua ao outro falhas de caráter, intenções malignas ou interesses escusos por defender seu candidato. Isso não é política, é estupidez.
Pode até parecer ingenuidade, mas é só o óbvio ululante: se o PT reconhecesse as conquistas econômicas dos governos FH, e o PSDB o resultado de programas sociais petistas, e seguissem adiante, já seria uma grande economia de tempo (e de lama ) para começar a discutir o que realmente interessa: como crescer e distribuir renda, com melhores serviços públicos e menos impostos.
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