segunda-feira, 8 de setembro de 2014

Fé Cega, faca amolada






Dizia sabiamente Milton Nascimento em uma de suas canções, "fé cega, faca amolada" . O sentido é que se voce acreditar sem analisar, sem pensar, você vai se ferir, muito.

Penso que a rosa é um dos inúmeros símbolos do amor, especialmente as vermelhas. Atingirmos o amor, grande desejo da humanidade, e fortificado no mito de Tristão e Isolda, o amor romântico, é meta de todos para se atingir a tal "felicidade".
Válido desejo e nós todos queremos, afinal somos humanos, porém é necessário, muito, muito respeito e aceitação para se atingir o amor, mesmo que o amor romântico, baseado no corpo e não no espírito. O amor espiritual é só baseado no respeito. Não tem corpo, não tem forma a se amar. Ama-se a luz do outro, mas antes de amar, respeita-se o outro de uma maneira holística.

Recentemente vi o caso dos extremistas Islâmicos que mataram pessoas que se recusavam a se converter à religião DELES.
Vivemos uma disputa pela propriedade de Deus. Ele é de um grupo e não pertence a outro. Privatizaram Deus e em nome desta apropriação todos os outros tornam-se "os inimigos", "do diabo", se é que ele ao menos exista. Questiono, pois segundo o filosofo Karl Kraus, " O diabo é um otimista, se acha que pode tornar as pessoas piores do que já são.” A maldade é algo muito humano e é sem limite, a fonte, o início de qualquer ação danosa ao outro é o desrespeito.
Não creio que exista uma religião ruim, até porque o objetivo delas é a elevação espiritual, mas em qualquer uma o fundamentalismo é prejudicial.
O fundamentalista, na sua enorme ignorância e exercício do poder, travestido de fé, despreza o desejo do outro, a preferência espiritual, a tradição do outro.
Foi assim com os Portugueses impondo o catolicismo aos negros e índios. De cima para baixo, é hoje assim quando você tem a má sorte de encontrar um fundamentalista de qualquer religião, seja ela qual for; só a dele vale, só a dele leva a Deus. Desista da discussão, pois o fanatismo é um poderoso combustível.

Me lembro de que em 1933 em Berlim houve a queima de livros, o "Bücherverbrennung" Foram queimados todos os que continham idéias não compartilhadas pelo Nazismo. "Não serve para mim e aos meus propósitos, não serve para ninguém". Queimem ! Total intolerância e desrespeito.
Estive no local para ver. Os Alemães tem um enorme respeito pelas lições que aprenderam no passado, e levam a sério.  O filme "A menina que roubava livros" trata disso, lembrou a minha filha de 13 anos.

Nosso país tem uma campanha com cartazes dizendo: - "Mais amor, por favor". Válido, mas acho que enquanto não houver um respeito pelo outro, não teremos amor algum. Respeito à preferência sexual, à etnia, aos costumes, à cultura, à condição do outro, e inclusive a religião.
Penso na compaixão como algo a considerar em qualquer situação que se sinta menos do que respeito pelo outro. Se a compaixão estiver fora do seu alcance, por qualquer razão que seja, ao menos o respeito é imperativo.

Carpe Diem !




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